Teeeeeeeeempo!

Um amigo, que quase nunca aparece, hoje me ligou e no meio da animada conversa mandou a frase “É só uma questão de tempo”. Ele falava a respeito do fim do casamento de quase cinco anos e que há muito ouço ele dizer que já acabou, que o faz infeliz e aquela história que todo mundo conhece.

Ele não está só. No sábado, entre uma empadinha e um chopp (não gosto muito do Astor, mas a empadinha de lá continua bacana), uma amiga linda, das mais lindas que eu tenho, desabafava sobre o confuso e emocionante romance com um colega de trabalho casado. O colega, não menos lindo, já começa a falar como meu amigo de hoje cedo: “É só uma questão de tempo”. Nesse delicado caso, o pobre adultero está casado há poucos meses e embora tenha percebido que fez a coisa errada, acha que só precisa de, surpresa!, um pouco de tempo para resolver a questão. Enquanto isso? Dá-lhe sofrimento pra todo lado.

Ontem à noite em pleno samba e meio que gritando para que pudesse ser ouvido, meu amigo famoso – e esse é um que não perde tempo – disse mais uma máxima da sua coleção e que conclui tooooda essa questão: “Tem ônibus que não passa duas vezes”.

Comodismo, resignação, covardia, medo, sei-lá o nome, mas o fato é que o povo deu para achar que o tempo resolve tudo e que haverá tempo hábil para continuar de onde se parou. Ou ainda que “as soon as posible” tudo vai começar ... e vai ser lindo. É só o tempo para terminar de pagar as prestações da cozinha nova, do apartamento ou, na tentativa de ser mais nobre, “não causar maiores ressentimentos”. Loucura.

É claro que o tempo certo que cada coisa necessita, principalmente quando falamos de começos e fins, ninguém sabe. Claro que os carros nunca devem ir na frente dos bois. Claro que todo processo demanda um tempo. Mais claro ainda é que é tarefa das mais difíceis entender quanto tempo o tempo precisa. Mas não perdamos o que importa de vista. Achar que você tem todo o tempo do mundo para dar sinal, subir no ônibus e descer no ponto que te faz feliz... até o Cobrador do Penha Lapa sabe que aí já é um pouco demais.