Eu falo sozinha!!!

quinta-feira, dezembro 28, 2006

Desculpinha

Dia desses uma pessoa me disse que não gostava de aniversários. Em pleno dia do seu aniversário. E eu fui logo falando que este data é uma desculpinha que inventaram para que a gente se lembre que é preciso celebrar. Ainda que seja uma vez por ano. Isto é otimo. Comemoremos, seja lá o que isso for. Que bom que existem essas desculpinhas para reunir amigos e família. Nada mal. Viva as desculpas e os aniversários, reveillons, etc. No final do discurso, acho até que convenci. A mim e a ele.

Li dia desses em um cartão que ganhei de Natal algo como “Grande cara este que inventou os anos, contados deste jeito, que acabam e recomeçam e dão a nós a sensação de que podemos mudar tudo no ano que se aproxima, que podemos ser melhores, mais felizes”. Lembrei da minha teoria das desculpinhas. Concordei.

Li em um outro dia um artigo bem escrito e meio ranzinza em uma revista dizendo que a capacidade de celebrar a vida em qualquer instante, fazer de um momento comum um momento mágico, que isso sim era comemoração de verdade. O autor dizia que se recusava a fazer festas de fim de ano porque alguém determinou que seja assim. “Eu celebro as relações humanas, intensas e verdadeiras, diárias e realmente merecedoras de festas”, dizia. Eu discordei. Depois concordei. Fiquei confusa.

Me pus a pensar, como diria o outro, e acho que é ótimo mesmo existirem datas em que nos voltamos única e exclusivamente para a dedicação à celebração da vida e do amor, da família, também, e porque não, da compra de presentes que vão tirar sorrisos de quem a gente gosta, dos bolos, brigadeiros, pavês, perus e arroz de forno deliciosos, das demonstrações de carinho exageradas e tudo o mais que vêm neste pacote. A vida passa tão depressa que um feriado ou um dia de aniversário é um bom motivo para parar e aproveitar um pouco mais que o habitual do que realmente vale a pena.

É, mas a ressalva existe e é dela a inspiração deste texto. Se você só consegue fazer tudo isso nestas datas, se só consegue dizer o que precisa dizer no Natal porque é invadido pelo tal “espiríto”, se só conhece a experiência de dar um presente a alguém em aniversários, se só declara o que escondeu o ano todo depois de Prosecco em excesso no Reveillon, se precisa sempre de um pretexto... se você é assim... bom, se você é assim... é, roubaram meu celular e eu não tenho um número novo não!

domingo, dezembro 17, 2006

Volte uma casa

"Se não for para fazer bem a alguém, não faça nada." Não sei quando foi a primeira vez que ouvi esta frase. Tem jeito de ter vindo da minha mãe, mas eu não tenho certeza. Repeti muitas vezes isso em diversos momentos da vida. Mas acho que não o suficiente para aprender o que significa de verdade.

quarta-feira, dezembro 13, 2006

Coisas

A verdade é que ninguém nunca sabe a reação que vai ter em uma situação difícil antes que ela se apresente. Nervosos podem se revelar o próprio Dalai quando o bicho pega. Na contramão, se descontrolam completamente por tão menos. E, de novo, não estou falando só de mim não. Durante um tempão fiquei tensa imaginando a reação de uma pessoa quando descobrisse tudo o que estava acontecendo. Pois é, não aconteceu nada.

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Estou eu assistindo TV dia desses e surge a notícia de uma quadrilha presa por falsificar documentos. Aquela cena clássica dos acusados sendo mostrados à imprensa e de repente me aparece o sujeito algemado com uma camiseta com as inscrições : “Nothing to declare”. Não pode ser coincidência, o cara já saiu de casa pronto para o pior. Fiquei pensando que todo mundo deveria fazer o mesmo...

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Vai lá no Insituto de Criminalística no Butantan fazer uma vistoria no seu carro e você vai descobrir o significado da expressão “Malditos amarelos”. Sem ter outra opção, passei quatro horas observando o trabalho de uma amarela: conferir se os chassis foram raspados e se há um corpo, ou rastros de um, no porta malas dos carros. Quatro horas! Ela não olhou na cara de uma única pessoa. Ela não deu um único sorriso. E, claro, ela não achou um único cadáver.

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Alguém relata um assalto. Assalto, coisa comum. Do outro lado alguém pergunta se há desconfianças sobre o mandante do crime. Maldade, muita maldade.

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Eu também achava que não existia mais. Mas existe. E veio acompanhado de flores. Ainda bem que eu não sou cardíaca. E ainda bem que existem coisas que ninguém pode me roubar.