Morar na praia
Nasci no Tatuapé, trabalhei no Centro, em Osasco, em Santo Amaro, na Barra Funda. Estudei na Mooca, em São Bernardo (que é logo ali), namorei em Itaquera, Santana, na Pompéia e definitivamente no Butantã.
Festinhas na casa de amigos na Vila Matilde e na Vila Nova Conceição, tantos churrascos na Casa Verde, no Capão, em São Miguel e no Morumbi. Fiz aulas de italiano na Liberdade, ginástica no bairro do Limão, médico em Perdizes, dentista na Água Branca.
Badalei por Pinheiros, Itaim, Jardins, pouca balada na Vila Olímpia e muito samba na Vila Madalena, Freguesia do Ó, Penha, Bela Vista... e dá-lhe lista que não acaba.
Praticamente tudo o que eu sou, tudo que eu vi e como diz aquela música "tudo o que a gente passou, todas que a gente dançou"...é tudo Made in São Paulo. As férias, feriados e os fins de semana em outras cidades enchem meu mural de fotos e o meu coração de saudades. Mas o cenário da minha história é mesmo este aqui.
São Paulo é ainda maior para mim, já que moro bem distante do centro. A cidade é muito menor para várias pessoas que conheço, que sempre tiveram a sua rotina num perímetro reduzido. Eles moram numa cidade grande, mas vivem mesmo em uma cidade bem menor... acham o Carrão ou o Jardim São Paulo muuuuuito longe e fazem da sua zona sul ou oeste, a sua cidade inteira.
O meu trabalho também me proporcionou conhecer cantos na cidade que nenhum outro motivo já tinha me levado. Cafundós mesmo. E restaurantes chiquérrimos. E condomínios fechados. E favelas. E tanta coisa.
O fato é que conheço São Paulo. Sei das suas possibilidades, onde mora sua beleza e graça, seus horários impensáveis em qualquer outro lugar, cinemas, bares, restaurantes, show todo dia. São Paulo é um infinito e isto é incrível.
Uma vez justificado, posso dizer com tranquilidade o que vem a seguir: quero morar em outro lugar.
Acho que esta cidade contribui diariamente para o que eu tenho de pior: ansiedade, tensão e falta de paciência.
Sim, é o trânsito, são as distâncias, é a superlotação do Cinemark, do El Kabong, da Marginal Tietê, do Bar Mangueira, do Metrô que vai para a zona leste. É a paisagem (ou a falta dela), é o ritmo de trabalho. E é, principalmente, a falta do mar. A falta que o mar me faz.
Quando estou em uma cidade com vista para o mar, sinto minha alma pedir para ficar. Sinto meu coração tranquilo. Sinto como estivesse enfim no lugar certo. Eu sei que todo mundo gosta de estar na praia, mas comigo é diferente. Eu sinto como se o lugar me pedisse para não ir. E eu, covarde, sempre digo não.
Não precisar rodar 150 km para ter diante da vista um leque de cores variando entre o verde e o azul, mais que sonho, é um objetivo de vida.
Ainda não tenho idade para sonhar viver em uma cidade pequena e nem acredito que em qualquer outro lugar deste país é possível ter segurança de verdade. Só desejo mesmo é ver o mar todos os dias.
Ainda que não possa escolher entre 350 salas de cinema. Ainda que não consiga ver ao vivo o show da Lauryn Hill, da Macy Gray e da Joss Stone no mesmo ano. Ainda que tenha que aprender a suportar a saudade do que realmente importa para mim seja lá onde eu esteja: meus grandes amores que, como eu, têm forte sotaque paulista.
Ele disse que a gente ainda vai morar na praia. E eu preciso acreditar nisso.
Festinhas na casa de amigos na Vila Matilde e na Vila Nova Conceição, tantos churrascos na Casa Verde, no Capão, em São Miguel e no Morumbi. Fiz aulas de italiano na Liberdade, ginástica no bairro do Limão, médico em Perdizes, dentista na Água Branca.
Badalei por Pinheiros, Itaim, Jardins, pouca balada na Vila Olímpia e muito samba na Vila Madalena, Freguesia do Ó, Penha, Bela Vista... e dá-lhe lista que não acaba.
Praticamente tudo o que eu sou, tudo que eu vi e como diz aquela música "tudo o que a gente passou, todas que a gente dançou"...é tudo Made in São Paulo. As férias, feriados e os fins de semana em outras cidades enchem meu mural de fotos e o meu coração de saudades. Mas o cenário da minha história é mesmo este aqui.
São Paulo é ainda maior para mim, já que moro bem distante do centro. A cidade é muito menor para várias pessoas que conheço, que sempre tiveram a sua rotina num perímetro reduzido. Eles moram numa cidade grande, mas vivem mesmo em uma cidade bem menor... acham o Carrão ou o Jardim São Paulo muuuuuito longe e fazem da sua zona sul ou oeste, a sua cidade inteira.
O meu trabalho também me proporcionou conhecer cantos na cidade que nenhum outro motivo já tinha me levado. Cafundós mesmo. E restaurantes chiquérrimos. E condomínios fechados. E favelas. E tanta coisa.
O fato é que conheço São Paulo. Sei das suas possibilidades, onde mora sua beleza e graça, seus horários impensáveis em qualquer outro lugar, cinemas, bares, restaurantes, show todo dia. São Paulo é um infinito e isto é incrível.
Uma vez justificado, posso dizer com tranquilidade o que vem a seguir: quero morar em outro lugar.
Acho que esta cidade contribui diariamente para o que eu tenho de pior: ansiedade, tensão e falta de paciência.
Sim, é o trânsito, são as distâncias, é a superlotação do Cinemark, do El Kabong, da Marginal Tietê, do Bar Mangueira, do Metrô que vai para a zona leste. É a paisagem (ou a falta dela), é o ritmo de trabalho. E é, principalmente, a falta do mar. A falta que o mar me faz.
Quando estou em uma cidade com vista para o mar, sinto minha alma pedir para ficar. Sinto meu coração tranquilo. Sinto como estivesse enfim no lugar certo. Eu sei que todo mundo gosta de estar na praia, mas comigo é diferente. Eu sinto como se o lugar me pedisse para não ir. E eu, covarde, sempre digo não.
Não precisar rodar 150 km para ter diante da vista um leque de cores variando entre o verde e o azul, mais que sonho, é um objetivo de vida.
Ainda não tenho idade para sonhar viver em uma cidade pequena e nem acredito que em qualquer outro lugar deste país é possível ter segurança de verdade. Só desejo mesmo é ver o mar todos os dias.
Ainda que não possa escolher entre 350 salas de cinema. Ainda que não consiga ver ao vivo o show da Lauryn Hill, da Macy Gray e da Joss Stone no mesmo ano. Ainda que tenha que aprender a suportar a saudade do que realmente importa para mim seja lá onde eu esteja: meus grandes amores que, como eu, têm forte sotaque paulista.
Ele disse que a gente ainda vai morar na praia. E eu preciso acreditar nisso.